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Journal of the Americas

A China, a Contraordem Não Liberal e o Papel dos Valores na Resposta Estratégica

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Introdução

A dinâmica da ordem internacional na terceira década do século XXI está mudando profundamente. A magnitude e a complexidade da mudança são ilustradas pela invasão da Ucrânia pela Rússia, tanto no seu fracasso inicial como na capacidade do governo Putin na Rússia para manter a sua dispendiosa campanha. A nova dinâmica internacional é ainda ilustrada pela capacidade do Irã de manter uma campanha por procuração contra Israel e as nações árabes moderadas do Médio Oriente, bem como pelo fracasso das ações do Hamas, Hezbollah, Houthis e Israel na escalada de um conflito mais amplo. Na América Latina, as novas dinâmicas são evidenciadas pela capacidade do regime populista autoritário da Venezuela de ameaçar uma ação militar contra a vizinha Guiana por causa do território de Essequibo, sem uma resposta firme dos Estados Unidos (EUA), do Brasil, vizinho da Venezuela, ou de outros Estados da região. Por fim, as novas dinâmicas são ilustradas pela postura cada vez mais agressiva da República Popular da China (RPC) contra Taiwan, bem como pela sua afirmação de reivindicações territoriais marítimas no Mar do Sul e do Leste da China e pela sua postura militar cada vez mais conflituosa em relação aos EUA e às forças armadas aliadas na região.

Há muito, estudiosos de relações internacionais observam a ligação entre a estrutura do sistema internacional e sua dinâmica, debatendo se uma ordem dominada por um ator principal (unipolar) ou vários atores (multipolar), ou a transição entre ordens estão associadas a maiores oportunidades de conflito, entre outras características. Outros estudiosos da literatura sobre relações internacionais con centram no papel das instituições e estruturas multilaterais na facilitação da ordem, na prevenção de conflitos e na aplicação de normas que criam a base para o crescimento da interdependência internacional e dos sistemas associados de comércio, finanças, comunicação e conectividade de dados. Outros ainda se concentram no papel da legitimação deideias, como democracia, direitos humanos e economia de mercado versus economia estatal, para explicar a dinâmica internacional dentro de estruturas mais amplas de poder decorrentes do Estado e de outros atores nos sistemas internacionais, mediadas por instituições e outras estruturas.